Conheça a Rede Amazônia Viva, projeto que realizamos em 2022 com a Natura
Esse é o vídeo manifesto de um projeto que desenvolvemos com a Natura e vários...
Leia +Pesquisas mostram que a forma como comunicamos tem reflexo direto no comportamento dos diversos públicos
Enchentes, deslizamentos, secas prolongadas, incêndios florestais, furacões tropicais, derretimento de geleiras. As imagens e as notícias sobre os efeitos da crise climática pipocam nos meios de comunicação em todo o mundo. Ainda assim, o assunto esbarra em preconceitos, resistências e desinformação por parte do público.
Um estudo realizado pelo Reuters Institute em 40 países aponta que, apesar de a maioria das pessoas concordarem com a urgência e a importância do tema, há uma parcela considerável que considera as discussões das conferências sobre o clima algo abstrato, distante de sua realidade, e têm dificuldade de entender modelos científicos, como os que relacionam o aumento da temperatura no planeta com a elevação do nível dos oceanos e suas consequências.
Essa mesma percepção está na conclusão do relatório “Climate Visuals”, elaborado pela Climate Outreach, organização britânica focada em engajamento em questões climáticas. O estudo elencou 7 princípios para a comunicação sobre crise climática.
É fundamental se atentar às formas de comunicar as ações e iniciativas nessa área para que seja possível mobilizar e engajar o público. Determinadas imagens e formas de abordagem provocam cansaço e rejeição. Outras promovem mais envolvimento e disposição para a ação. A seguir, uma lista de dicas para tornar essa comunicação mais eficiente.
Fotos de fumaça saindo de chaminés de fábricas, ursos polares rodeados de gelo derretido e florestas desmatadas podem ser úteis para informar pessoas com pouco conhecimento sobre o assunto, mas podem ser enfadonhas para quem já se habituou a vê-las. Histórias e imagens menos conhecidas e mais provocativas ajudam a chamar mais atenção para o assunto.
Relatos e imagens de pessoas ou grupos locais que foram impactados pela crise climática são mais poderosos do que de lugares distantes. Mas é preciso haver equilíbrio entre mostrar o impacto local – de forma que as pessoas percebam que a questão é relevante para a vida delas – e relacioná-lo com o fenômeno mais amplo.
Fotos de pessoas “reais” em situações espontâneas atraem mais simpatia do que posadas em estúdios, vistas como frutos de manipulação. Retratos de políticos costumam atrair mais rejeição, segundo o estudo da Climate Outreach.
O alinhamento à esquerda ou à direita do espectro político faz toda diferença no posicionamento em relação às mudanças climáticas, segundo estudo do Reuters Institute sobre como as pessoas se informam sobre o tema. Pessoas que se consideram de esquerda tendem a ser mais favoráveis às ações de combate ao aquecimento global do que as de direita, mais céticas em relação ao tema.
Fotos de ativistas em protestos muitas vezes só provocam engajamento de quem também é ativista. Para os que não se identificam com esse perfil, essas imagens podem reforçar a ideia de que as manifestações são “para eles” e não “para nós”. Retratos de protestos de pessoas diretamente atingidas pelos efeitos do aquecimento global são vistos como mais verdadeiros.
O público se comove mais com os impactos da crise climática – como enchentes, deslizamentos e mortes por tempestades – do que com suas causas. Mas cuidado para não exagerar. O melhor é combinar histórias e imagens de impacto com medidas concretas que podem ser adotadas para evitar tais situações.
Especialistas que acompanham o assunto, como jornalistas ambientais, destacam que é importante apontar soluções e divulgar boas práticas adotadas tanto no Brasil como em outros países para que as pessoas vejam que há esperança.
A mobilização de jovens da geração Z tem ocorrido principalmente por meio de redes sociais como Facebook e Instagram e canais como YouTube. Eles valorizam a comunicação direta com ativistas como a sueca Greta Thunberg, que lidera o movimento Fridays For Future.
Influenciadores e celebridades como o ator americano Leonardo DiCaprio são vistos como fontes de informação tão importantes quanto jornalistas ou especialistas no tema. Vale buscar parcerias com eles, dependendo da estratégia de sua ação e o público foco da comunicação.
Ao abordar a crise climática, lembre-se de que certas regiões como a África são afetadas de maneira desproporcional: apesar das baixas emissões de gases de efeito estufa, sofrem com as consequências devastadoras do aquecimento global. Historicamente EUA e Europa têm maior responsabilidade na emissão desses gases e devem ajudar a financiar ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento.