Três comunicadores da Amazônia apontam os desafios para a cobertura da COP-28

Publicado em
23 de novembro de 2023
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Oi, pessoal! Aqui é a Vitória, eu sou estrategista de conteúdo na Apply e quero compartilhar neste espaço uma experiência muito legal que estou vivendo. Fui uma das jornalistas selecionadas para o curso Prepare-se para a COP-28, organizado pela DW Akademie e pela ONG Saúde e Alegria. Somos 10 comunicadores da Amazônia, de diferentes localidades, com muitos planos e estratégias para comunicar o que significa a Conferência das Partes para os nossos públicos na Amazônia. E, claro, eu vou compartilhar um montão de coisas aqui no blog e no instagram da Apply 😉 

Nossa turma já está arrumando as malas para Dubai, mas, antes disso, estivemos juntos em Santarém (PA) para continuar nossa formação e debater sobre comunicação e mudanças climáticas. Foi muito enriquecedor. Conversei com três colegas sobre os principais desafios para os comunicadores da Amazônia nesta edição da Conferência. 

Aproveito para recomendar o trabalho criativo e instigante que eles fazem em seus veículos. Não deixem de acompanhar!


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A linguagem das negociações climáticas – Darlon Neres

“Um dos desafios é comunicar os termos técnicos presentes nas negociações climáticas para que comunidades consigam entender. Por exemplo, a palavra mitigação: como falar sobre isso de uma forma “popular”? A linguagem que vamos usar, o que vamos transferir para os nossos públicos que estão acompanhando o nosso trabalho, isso é uma prioridade.”, afirma Darlon Neres. 

Bio: Darlon Neres dos Santos é comunicador popular, liderança comunitária, membro do coletivo Guardiões do Bem Viver do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande em Santarém-Pará. Atuou na Casa Ninja Amazônia e Tapajós de Fato e atualmente é apresentador do podcast semanal A Voz da Feagle.

Acompanhe:

https://www.instagram.com/guardioesdobemviver

https://www.instagram.com/darlon_neres/


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Traduzir para os povos mais afetados pelas mudanças climáticas – Ray Baniwa

“Um dos desafios para os comunicadores da Amazônia é conseguir traduzir para uma linguagem acessível os principais acontecimentos, acordos que serão feitos na COP-28. Conseguir levar informações para os territórios na Amazônia, onde as populações mais afetadas pelas mudanças climáticas não conseguem acompanhar ou ter acesso aos acontecimentos desses eventos é fundamental para garantir a luta pela justiça climática. Acredito que a formação recebida através do projeto “Preparando-se para COP-28” nos ajudou a entender a dinâmica e nos preparar para esse evento, e será um momento de trocas com outros comunicadores populares e jornalistas de outras partes do mundo que certamente, terão objetivos e desafios parecidos com os nossos.”, explica Ray Baniwa.

Ray é do Povo Baniwa, da Terra Indígena do Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira, comunicador e colaborador da Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro (Rede Wayuri), tem formação em Marketing e mestrando em Comunicação e Cultura na (UFRJ). Atua na formação de comunicadores indígenas no noroeste amazônico, pesquisa comunicação indígena no Rio Negro, governança de internet na Amazônia, e recentemente acompanha de perto discussões e debates sobre a emergência e justiça climática.

Acompanhe:

https://www.instagram.com/rede.wayuri/

www.redewayuri.org.br 


O acesso às oportunidades- Kamila Silva

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“O primeiro desafio é a questão do acesso à COP. É muito difícil para um comunicador popular ter acesso a esse lugar, ainda mais sendo num país distante. Além disso, essa COP tem significado especial para nós que somos da Amazônia, por conta da proximidade com a Conferência que vai acontecer em Belém em 2030. Penso que temos que compartilhar as nossas experiências da COP-28 com outros comunicadores que vão participar da COP-30, em Belém. É um grande primeiro passo para que outros comunicadores do Tapajós ocuparem esses espaços.”, conta Kamila Silva.

Kamila é militante e Comunicadora do Movimento Tapajós Vivo, um movimento social fundado em 2009 que une pessoas da sociedade civil e organizações populares em defesa dos direitos dos povos da bacia do Tapajós. Também atua como Comunicadora e Educadora Popular na Escola de Militância Socioambiental Amazônida, cuja missão é fortalecer a consciência crítica e o comprometimento dos moradores afetados ou ameaçados pelos empreendimentos que prejudicam a Amazônia, por meio da partilha de conhecimentos científicos e populares.

Acompanhe: 

https://www.instagram.com/tapajosvivo


Assim como meus colegas, eu também acredito que a adequação das mensagens aos públicos é uma das principais preocupações que devemos levar em conta em nossa cobertura da COP-28. Por um lado, precisamos lidar com o que meus colegas definiram como “tradução”, ou seja, o processo de compreender os termos e conceitos presentes nas negociações climáticas e a “reescrita” desses termos. É necessário assumir que nem todas as audiências partem do mesmo lugar de interpretação e, para isso, é preciso usar um vocabulário simples e que seja capaz de exemplificar como as emergências climáticas já são o nosso presente. Por outro lado, também acredito que manter o rigor científico e valorizar a precisão dos dados é um compromisso ético da comunicação no contexto da crise climática. É um desafio, portanto, de equilíbrio e sensibilidade. Temos conversado bastante sobre esse assunto na Apply nos últimos meses e isso rendeu algumas reflexões que você pode acessar aqui

Não queremos cair na armadilha de falar sobre clima em um tom de derrota ou puramente catastrófico. Algo que aprendemos juntos no curso que fizemos sobre a COP e que também compartilhamos na agência é a certeza de que a comunicação ocupa um papel central para mobilizar pessoas. Eventos como a Conferência são uma super oportunidade para entregar mensagens realistas, precisas e -por que não?- de esperança. 

Com um pouco de frio na barriga, encerro esse texto sabendo que tem muito trabalho a ser feito na semana que vem. E volto aqui para dar notícias, diretamente de Dubai. 

Até mais!

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